Pular para o conteúdo principal

Destruição e Dor na Primeira Grande Guerra

Castello Tesino em agosto de 1915 (Arquivo de Ecomuseu Valsugana)
O dramático e doloroso conflito entre a Itália e o Império Austro-Húngaro no início do século XX marcou a história da família Floriani que permaneceu na Itália. A Primeira Guerra Mundial foi um conflito internacional sem precedentes, e afetou duramente os Floriani e familiares no fronte estabelecido na terra onde viviam.


Quando passamos em 2012 em Villa Agnedo, Strigno, Borgo e Ivano Fracena, e outras cidades da região, encontramos marcos que não deixam a memória da guerra escapar. 
Veja: Chiesa di Loreto, un Veccio Cimitero, Strigno e Cemitério de Agnedo
Em 1916 as cidades da região oriental da Valsugana se tornaram um campo de batalha, e em meio aos avanços e retiradas de tropas os moradores foram abatidos com a perda de familiares e moradias destruídas e terras devastadas. 

Em 1914 a Valsugana era território Austríaco, que iniciava o alistamento militar. Em 31 julho de 1914 convocou todos os homens válidos entre 21e 42 anos. Em novembro de 1914 foram chamados os jovens de 20 anos. E no último ano de conflito foram chamados os jovens com 18 anos. Cerca de 60.000 trentinos se alistaram ao exercito Imperial Regio, Kaiserjager ou Kaiserschutzen. Muitos enviados ao fronte oriental, na Galizia.

Em 24 de maio de 1915 a Itália entra na Primeira Guerra Mundial e convoca também os homens entre 42 e 50 anos. 

Em 05 de junho de 1915 as tropas italianas se posicionaram ao pé do monte Lefre, na margem da Torrente Chieppena (que corta Villa e Agnedo) e perto do monte Civeron. Em 15 de agosto o Castelo de Ivano tornou-se sede do comando general. 

Em 5 de agosto, a o Império Austro-Húngaro declara guerra à Rússia. A Rússia declara guerra à Germania e o conflito se alastra na metade da Europa. Com isto, diversos moradores da região fizeram parte do exercito Austríaco ou Italiano. No exercito Austro-Húngaro, homens que hoje seriam chamados de italianos, estavam em combate no fronte de batalha na Rússia e na Servia, à serviço do inimigo do Reino da Itália. 

Em novembro de 1915, a Strafe Expedition austríaca reunia 400.000 homens, repartidos em 28 divisões, quase 500 batalhões e 2000 canhões em 28 baterias de artilharia. 

Mas até o início de 1916, a guerra na região não passava de uma disputa ardilosa entre a patrulha italiana formada por venezianos, entrincheirados em Ospedaleto, e a patrulha austríaca, formada por moradores locais, conhecedores da região, locada no contraforte do Panarotta, que vez ou outra se encontravam (Zanghellini, 2002).


Offensiva austriaca del maggio 1916
Em 1916 o comando austríaco deu ordem para a população evacua a região. Incrivelmente,  a evacuação não foi efetuada. O síndaco de Strigno não desejava alarmar inutilmente a população. 

Um grande erro militar, deixar a população no fronte de batalha entre  Maso e Ospedaletto, ainda mais pela confusão causada entre quem seriam austríacos e italianos na região.
Per Strigno fu grave il fatto di non essere stato evacuato subito, nei primi giorni di guerra. Lasciare i suoi abitanti fra le due linee nemiche provocò disastrosi internamenti di persone e di intere famiglie, effettuati da entrambe le parti con inevitabili strascichi di dispiaceri e odio tra la nostra gente che si accusava a vicenda di esserne la causa, a seconda dei sentimenti austriacanti o italofili. (Zanghellini, 2002)

Na manhã do dia 28 de maio de 1916,  os soldados bateram de porta em porta com ordem militar de evacuação e a população foi tomada pelo pânico.
Nel frattempo molte bestie incustodite e spaventate dalla gente vagavano libere per il paese e per i campi vicini. Alla fine, verso mezzogiorno, gli abitanti di Strigno, sollecitati, spinti, incalzati, minacciati dai carabinieri ma sempre recalcitranti, si misero in marcia verso l'esilio abbandonando con la disperazione nel cuore le loro case, i loro beni, i loro morti. (Zanghellini, 2002)
Em 21 de maio de 1916 as cidades da região são bombardeadas e espalha na região a morte, o sofrimento e destruição. 

Em junho de 1916 o comando se estabelece no monte Lefre.

As cidades foram reduzidas a escombros de construções irreconhecíveis. As fotos da época pertencentes a arquivos de moradores locais estão disponíveis em Ecomuseu Valsugana.


Strigno incendiada em 1916 (Arquivo de Ecomuseu Valsugana)



Via Fratelle da cidade de Borgo destruída (Arquivo de Ecomuseu Valsugana)

Scurelle (Arquivo de Ecomuseu Valsugana)

Veja o relato exasperador da Guerra de Carlo Zanghellini quando retorna à Strigno ao final da Guerra:
Quando vi giunsi ristetti sgomento davanti a una rovina immane: il paese non era che un cumulo di macerie ustionate. Le case, crollate e arse, avevano ostruito le strade. Sulla piazza maggiore si ergeva un immenso cumulo di sassi e calcinacci il cui apice raggiungeva certamente i 6, 7 metri di altezza e in vetta al quale era cresciuta un'alberella di alcuni metri. Il particolare che più mi colpì fu la constatazione che fra tutti quei cumuli di materiale non si scorgeva il più piccolo pezzettino di legno. Perfino le teste delle travature incassate nei muri erano state consumate e ciò mi diede l'idea dell'immensità del rogo che aveva abbrustolito il paese.
Nelle diverse contrade scavalcai per più di un'ora i molti cumuli di macerie in un silenzio di tomba. Vidi la mia casa distrutta e il mio laboratorio demolito dalle cannonate. Non incontrai anima viva: Strigno era un immane scheletro bruciato e abbandonato. Ritornai a Bassano col cuore disfatto. Strigno non sarebbe più risorto! Forse per volontà stessa del destino, quasi incolume fra tanta rovina era rimasto il vecchio campanile per ricordare ai posteri le infamie dell'uomo quando ridiventa barbaro.

Em outubro de 1919, estavam reduzidos a escombros Torcegno, Telve di Sopra; Telve di Sotto, Carzano, Scurelle, Spera, Samone, Strigno, Tomaselli, Bieno, Castel Tesino. Danos menores em Tezze, Grigno, Ospedaletto e Pieve Tesino.  Villa perdeu a maior parte da área fabril, e danos menores sofreu Agnedo. Muitas casas foram destruídas em Fracena e quase todas as casas de Ivano foram destruídas. A população se refugiou no Castelo de Ivano. 
Il cimitero del Trentino è la povera Valsugana, già così prosperosa, per la feracità del suolo, la bontà del clima, la ricchezza del suo carbone bianco e delle acque salutari di Roncegno e di Levico (per non ricordare le minori), e specialmente per la laboriosità e parsimonia dei suoi abitanti. Ora i paesi di questa valle, specialmente nella sua parte più bassa od orientale, sono ridotti a cumuli di rovine, sulle quali gravano tre inverni, e per le quali si fece ancora troppo poco. (Rovine, 2003)


Referências básicas:




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Vapor Poitou

Navio de 1.926 toneladas pertenceu também à companhia francesa SGTM Lines – Sociètè Generale du Transports Maritimes e tinha 99 metros de comprimento e 10,6 metros de largura.  

Desembarques da Familia Floriani no Brasil

Listas de desembarque de imigrantes são valiosa fonte de informação para o estudo genealógico de famílias Italianas em Santa Catarina, e fundamental para se desvendar a história da Família Floriani que imigrou para o Brasil no final do século XIX Uma fonte desta valiosa informação está no Arquivo Nacional, que disponibiliza Relação de Passageiros que passaram pelo porto do Rio de Janeiro. Com o nome do navio e data de chegada ao Brasil bastou ir ao site do Arquivo Nacional para encontrar a lista de passageiros. Veja a lista de Floriani nas seguintes travessias: Imigrantes no Vapor Poitou em 1876 Imigrantes do Vapor Ville-de-Bahia em 1877 A referência para encontrar Floriani nestas listas encontrei no blog de Telmo Tomio , que fez a T ranscrição de Nomes constantes em Listas de Passageiros Imigrantes - Italianos. Neste estudo, ele compilou dados de um total de 821 listas de desembarque de passageiros e imigrantes entre 1875 a 1878. Já são mais de 30

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário no Bairro Coral

Meu avô Lauro Floriani era ministro da eucaristia na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Lages, Santa Catarina. E acredito que este seja um gancho para tratar da religiosidade deste ramo Floriani. A primeira capela dedicada à Nossa Senhora do Rosário em Lages foi construída na Rua Correia Pinto, no centro da cidade, a Imagem teria vindo de Portugal. A capela era frequentada por descendentes e ex–escravos. Em 1925 a capela foi demolida, e somente em 1940 a imagem foi transferida à Matriz Diocesana . Durante esta época, as famílias de origem africana foram praticamente expulsas do centro da cidade de Lages, e me parece, que esta também é a origem do estabelecimento de um gueto, o Bairro da Brusque. Em 1941 os Padres Franciscanos fizeram o projeto e iniciaram a construção no Bairro Coral de uma capela à beira da antiga BR-2 (Avenida Luiz de Camões), onde passava todo o movimento pelo que é hoje a BR-116. Em 1952 a capela foi assumida pelos padres Redentoristas , vindo